O “Concílio de Niceia foi o primeiro Concílio Ecumênico realizado pela Igreja Católica que ocorreu entre 20 de maio e 25 de julho de 325 d.C., na cidade de Niceia da Bitínia, atual cidade Iznik (Turquia), província de Anatólia (Ásia Menor), localizada próxima a Constantinopla.

O Concilio de Niceia foi realizada com o intuito de harmonizar a igreja ao concretizar uma assembleia que representasse toda a cristandade, de modo a discutir as heresias que poderiam dividir a Igreja.

Principais Causas

Devido a grande liberdade religiosa possibilitada pelo fim das perseguições aos cristãos, a fé cristã cresceu e se propagou desordenadamente. Neste contexto, Caio Flávio Valério Constâncio (250-306), o imperador romano que governava tanto o Oriente como o Ocidente, acabou adotando o arianismo, uma crença herética, como sua religião pessoal. Segundo esta tese, Jesus Cristo Salvador estaria subordinado ao Pai, uma vez que era apenas mais uma criação, o que acabava por questionar a figura de Cristo enquanto divindade.

Por sua vez, esta vertente cristã criada por Ário (256-336), da igreja de Alexandria, em 318, estava em desacordo com o próprio bispo Alexandre de Alexandria. Como os adeptos de Ário possuíam influência junto ao imperador Constantino (filho de Constâncio), com destaque para Eusébio de Nicomédia e, principalmente, o historiador e bispo Eusébio de Cesaréia (265-339), esta disputa foi se agravando ao ponto de tornar-se motivo para uma divisão na Igreja. Assim, o bispo Alexandre de Alexandria e seu diácono Atanásio, repudiaram suas teses e afirmaram a divindade de Cristo.

Além disso, a data em que se deveria comemorar a Páscoa, outro motivo de discórdia, também foi definida neste concílio, sendo escolhido o primeiro domingo depois da primeira lua cheia da primavera para a celebração.

De partida, vale ressaltar que o Imperador Flavius Valerius Constantinus (285 -337 d.C.), ao conclamar o concilio, buscava unir seu Império Romano pela via religiosa, sobretudo depois de sua vitória sobre Licínio (250-325) em 324.

Principais Características

O Concílio de Niceia foi realizado nas acomodações do palácio imperial naquela cidade, onde foram oferecidas aos bispos hospedagem e passagem segura pela escolta imperial. Interessado, o imperador Constantino de fato realizou o Concílio, contudo, não participou das formulações de fé do Credo de Niceia.

Ademais, compareceram cerca de 320 Bispos, além de inúmeros presbíteros, diáconos e leigos, dirigidos pelo bispo Ósio de Córdoba (257-359), para definir a natureza de Cristo diante do arianismo. Estes clérigos vieram de toda cristandade, incluindo Ásia Menor, Palestina, Egito, Síria, com predomínio aos bispos do Oriente.

Como resultado do Concílio, foi definido por 300 votos que o arianismo seria rejeitado e que a “Redenção” pregada pelo diácono Atanásio seria a base constituinte do que e convencionou como o “Credo de Niceia”, confirmando a união da cristandade e a divindade de Cristo, o que foi corroborado no “Concílio de Constantinopla” de 381.

Em suma, o Credo Niceno estabelece 20 cânones que discutem, dentre outros, a questão ariana, a data de celebração da Páscoa e o batismo de heréticos.