A filosofia de Friedrich Nietzsche exerceu uma influência considerável sobre Anton LaVey e a formação do Satanismo Moderno. Em muitos aspectos, a filosofia de LaVey reflete os ensinamentos nietzschianos de individualismo, poder e rejeição da moralidade cristã tradicional.

Nietzsche defendia a ideia do além-homem, uma pessoa que superou as limitações impostas pela sociedade e religião e viveu de acordo com seus próprios valores e desejos. LaVey abraçou essa ideia, encorajando seus seguidores a buscar o seu próprio poder pessoal e rejeitar a noção de pecado.

A ideia de Nietzsche da “vontade de poder”, a ideia de que o principal motivador na vida de um indivíduo é a realização do seu próprio poder, também é evidente na filosofia de LaVey. LaVey encorajava seus seguidores a perseguir seus desejos sem vergonha ou culpa.

Nietzsche criticou a moralidade cristã por sua negação da vida, argumentando que colocava muito foco na vida após a morte em detrimento da vida terrena. Da mesma forma, LaVey rejeitou a moralidade cristã e encorajou a celebração e o aproveitamento da vida terrena.

A filosofia de Nietzsche não foi a única influência do satanismo moderno. Primeiro, é crucial lembrar que enquanto Nietzsche promoveu a ideia do além-homem (Übermensch), um ser que superou as limitações morais e existenciais do ser humano médio, LaVey se concentrou mais em abraçar a humanidade tal como ela é, em vez de se esforçar para superá-la. Isso é evidente na ênfase de LaVey na gratificação dos desejos físicos e terrenos, em contraste com a visão de Nietzsche da autossuperação espiritual e intelectual.

Segundo, embora Nietzsche tenha criticado a moralidade cristã, ele não a substituiu por uma filosofia de autoindulgência. Ele reconheceu a necessidade de valores e de algum tipo de moralidade, embora acreditasse que esses valores deveriam ser criados pelo indivíduo, não impostos por uma autoridade externa. LaVey, por outro lado, adotou uma filosofia mais hedonista, que coloca o prazer e a satisfação pessoal no centro da vida moral.

Terceiro, Nietzsche tinha uma visão complexa e multifacetada da natureza humana. Ele acreditava que os humanos eram motivados por uma variedade de impulsos e desejos, alguns dos quais eram diretamente contrários uns aos outros. LaVey, por outro lado, apresentou uma visão mais unidimensional da natureza humana, centrada na busca do prazer e do poder.

Quarto, enquanto Nietzsche viu a vontade de poder como uma força que pode ser tanto criativa quanto destrutiva, LaVey parece ter interpretado a vontade de poder de uma maneira mais unidimensionalmente positiva, como uma força de afirmação e empoderamento.

Por último, a abordagem de LaVey à religião foi muito diferente da de Nietzsche. Enquanto Nietzsche criticou a religião por suas restrições à liberdade humana e ao potencial humano, ele também reconheceu seu valor cultural e histórico. LaVey, por outro lado, rejeitou a religião de maneira mais completa, substituindo-a por uma filosofia materialista que vê o universo em termos puramente físicos.

Friedrich Nietzsche propôs o conceito do além-homem (ou super-homem) como uma figura que representa a superação das limitações humanas tradicionais. O além-homem, na filosofia de Nietzsche, é um indivíduo que cria seus próprios valores e vive sua vida além das construções sociais e morais tradicionais. Ele é caracterizado por sua capacidade de auto-superação e rejeição do conformismo.

Por outro lado, Anton LaVey, na formação do Satanismo Moderno, promoveu a ideia de que os seres humanos devem abraçar suas naturezas carnais e terrenas. LaVey rejeitou a ideia de superação pessoal em favor de uma celebração e aceitação das paixões e desejos humanos. Ele acreditava que os seres humanos deveriam viver suas vidas em busca de gratificação pessoal e rejeitar a culpa associada à indulgência em prazeres físicos e materiais.

Embora ambos os filósofos compartilhem um foco no individualismo e na rejeição da moralidade tradicional, suas visões sobre a natureza humana e como os seres humanos devem viver suas vidas diferem significativamente. Nietzsche propôs uma visão da humanidade que envolve a constante superação de si mesmo, enquanto LaVey defendia a aceitação e o abraço da natureza humana como ela é.

Também existem semelhanças notáveis entre as filosofias de Nietzsche e LaVey.

Primeiro, tanto Nietzsche quanto LaVey se opunham à moralidade cristã tradicional. Nietzsche criticou o cristianismo por promover a negação da vida e a submissão a uma vontade superior. Da mesma forma, LaVey criticou o cristianismo por promover a culpa e a negação dos desejos físicos e materiais.

Segundo, ambos os filósofos valorizavam a individualidade e a autodeterminação. Nietzsche acreditava que o indivíduo deveria ser o criador de seus próprios valores, enquanto LaVey defendia que os indivíduos deveriam buscar sua própria gratificação pessoal e viver de acordo com seus próprios desejos.

Terceiro, tanto Nietzsche quanto LaVey defendiam uma abordagem mais afirmativa e abraçada da vida. Nietzsche encorajou as pessoas a abraçar a vida em vez de renunciar a ela, e LaVey também enfatizou a importância da afirmação da vida e da busca do prazer.

Nietzsche é frequentemente citado como o precursor do movimento existencialista, que se opõe à ideia de que a existência humana tem um significado inerente. Em sua obra “Assim Falou Zaratustra”, Nietzsche introduziu o conceito do além-homem, que se caracteriza pela criação de seus próprios valores e pela superação dos limites humanos tradicionais. Nietzsche viu o cristianismo e seu foco na outra vida como um negador da vida, que inibe a expressão individual e promove a servidão a uma vontade superior.

Anton LaVey, o fundador da Church of Satan, argumentou em “A Bíblia Satânica” que o satanismo, ao contrário do cristianismo, celebra a vida e a existência física. LaVey viu o satanismo como uma religião da carne, e não do espírito. Ele defendeu o egoísmo, a gratificação pessoal e a indulgência nos prazeres físicos e materiais, que ele acreditava serem uma parte inerente da natureza humana.

Ambos os filósofos se opuseram à moralidade cristã tradicional e defenderam o direito do indivíduo de viver de acordo com seus próprios valores e desejos. No entanto, enquanto Nietzsche viu a superação de si mesmo como a expressão máxima da individualidade, LaVey enfatizou a aceitação da natureza humana como ela é.